arte & negócio

recalcular a rota é necessário

kalina juzwiak
October 10, 2022
auto-conhecimento
lifestyle
reflexão
criatividade

Já trabalhei em diferente áreas da arquitetura, de decoração de interiores, a acompanhamento de obras, a concursos e editais nacionais e internacionais de grandes museus e centros culturais. Ou mesmo intervenções urbanas. Foram muitos. Sempre anônimos, mas alguns premiados. No Brasil e fora também. Tive meu próprio escritório de arquitetura. Já tive um blog de reforma de móveis, com peças que achava em caçambas. Também era um blog a dois, onde falávamos da relação - a dois - mas também de construir um lar. A decoração, a convivência, o empreendedorismo. Já trabalhei com branding e design gráfico, criando marcas e dando mentoria de posicionamento e marketing para empreendedores. Principalmente os criativos. Já dei consultoria de design, de composição, comunicação, direção de arte. Fiz parte de uma escola experimental de artistas. Fui sócia e embaixadora de um marketplace que conectava artistas, a outros artistas, e também potenciais clientes, conectados aos modelos blockchain. Estudei e trabalhei em alguns projetos em formato em rede. Estudei economia circular. Fiz uma imersão na Califórnia para me tornar educadora em sistemas, sustentabilidade e design. Já ajudei na governança de uma casa nas montanhas em um vilarejo de 1200 habitantes. Trabalhei como guia em uma empresa de turismo de luxo, que conectava gastronomia, ciclismo e hospitalidade pela Europa. Dei cursos. Workshops. Teóricos e experimentais. Gravei muitos videos. Alguns publicados, outros nunca. Fiz ensaios fotográficos que já perdi a conta. Para me conhecer, e criar intimidade com a câmera. Fui co-autora de um livro de autoconhecimento. Fiz (quase) todos os tipos de terapia, holísticas e experimentais, para me conhecer de diferentes perspectivas. Fiz muita arte. Experimentei diferente materiais, fiz murais gigantes e também pequenas obras - quase jóias.

E por que estou fazendo esse resumão hoje?

Porquê para quem olha de fora, vê apenas o palco de uma “artista de sucesso", e que talvez acertei de primeira. Que nasci com dons que transitam entre criar arte, histórias e experiência. E estes talentos justificam o meu lugar hoje. E que isso é o suficiente. Não estou aqui para dizer “ah eu ralei pra caramba” - e ainda ralo - e nem justificar nada. Porquê não preciso. Olho para a minha trajetória e tenho consciência de cada passo, de cada aprendizado que tirei dali, e que hoje aplico aqui, de forma diferente. Crenças e padrões quebrados. Perspectivas novas, absorção de conhecimento, de trocas, conexões, prática. Isso para mim é suficiente. De toda experiência (toda mesmo) trago algo para a minha rotina criativa hoje.

Mas hoje, quero, através dessa rápida pincelada te convidar a refletir sobre a mania que temos de achar que temos que acertar a primeira vez.

E que o caminho que escolhemos é o único. Intransponível. Fixo, ali traçado na nossa frente, antes mesmo de nos entendermos como gente. Escolha de carreira, casamento, bicicleta, filhos, netos. O que fazer e o que não fazer? Que horas? Dentro de todas estas frentes?

O “para sempre” é uma mera ilusão - se ainda não sabe, claro. E se sabe, fica aqui só um pequeno reforço. É uma ilusão poética sim, mas também uma ilusão que leva à criação de uma expectativa sem igual. E com isso abre-se o abismo da frustração. Quando fazemos as coisas já esperando um resultado, também já podemos, automaticamente lidar com a tal frustração desde o início. Não tem jeito. Mas e se focarmos no processo, ao invés do resultado, será que algo muda?

Já vou para este caminho, mas antes, quero reforçar outra história que temos uma mania de nos contarmos: que não podemos falhar. Nas relações e nas escolhas, e passos de negócio por exemplo. E em qualquer outra frente. Que aquele caminho, que escolhemos, é o único, e para sempre, e que temos que nos submeter a tudo que envolve, um pouco disso tudo, sem nem questionar. Ou ao menos, admitir que algo mudou. Que talvez não cabe mais. Talvez não funcione mais. Talvez existe algo, em outra área que pode agregar a essa? E então, o que fazer a partir disso?

Ou às vezes, o que também acontece muito, é que nem nos propomos a viver algo, já que vamos falhar de qualquer forma.

Mas ai te pergunto, onde está vivendo dentro desse sistema todo? Paralisado, pelo medo de falhar? E assim talvez nem perseguindo uma vontade? Um sonho? Uma simples vivência? Já se declarando todos os porquês, sempre tão convincentes, do que não vai dar certo.

“É impossível!"

Aquele famoso viés da confirmação. “Ah, nem vou tentar, porque isso, isso e isso não vai dar certo.”

Mas e se fosse possível? E se desse certo?

Ou talvez, esteja vivendo cegamente o para sempre? No sentido de: “Me propus a fazer isso, então é isso que vou fazer o r e s t o d a m i n h a v i d a.” Mesmo se isso não se sustenta dentro de você? Será que não pode escolher outro caminho? Ou apenas, recalcular uma rota?

Ou talvez você esteja se repetindo “um dia". Ou melhor, o dia que eu ficar mais tranquilo. Quando me aposentar. Quando eu casar. Depois que meu filho nascer. Quando comprar uma bicicleta. E assim, o tempo vai passando, e nós simplesmente adiando. Vontades. Experiências. Sonhos. Pequenos e grandes. E vivemos no automático. No familiar.

Ou talvez simplesmente se deixando levar por o que os outros esperam? Ou querem de você? A sua estrutura familiar, suas conexões, a sociedade como um todo? Vivendo a vida que estão escolhendo para você?

Calma. Independente do seu cenário, do seu momento, da sua vivência, isto não é uma crítica, e sim uma provocação: e se dermos um passo para o lado e mudarmos de perspectiva? Será que todos os dias não temos uma escolha? E mais do que isso uma responsabilidade de não viver apenas na teoria?

Se encararmos cada decisão, cada escolha, como parte de uma caminhada. Como parte de um processo. E que cada escolha, cada passo desse, é também uma escolha de aprender algo novo. De viver uma sensação diferente. Uma nova perspectiva sobre um assunto, um lugar, uma pessoa. Ou mesmo colocar uma ideia em prática, porque ela parecia interessante, talvez certa. Ou simplesmente a curiosidade de tentar. E assim, ao tentar, também abrir espaço para o eliminar daquilo que não funciona, para a cada dia mais, nos aproximarmos do que realmente funciona? Para nós mesmos.

Ao nos permitirmos sair da zona do familiar e desbravar novas vontades e experiências, vamos vivendo na prática. E é só na prática que podemos dizer que algo funciona ou não. E ai também nos propormos a desbravar outra coisa. Sabe aquela história quando a gente é criança que alguém oferece um brócolis durante um almoço. E você, quase automaticamente responde “não gosto". E ai talvez alguém te pergunta: “mas você já provou?”

Em tudo que nos propomos a fazer, podemos acreditar que não gostamos ou que não vai dar certo, como a imagem do brócolis (só porque ele é verde coitado?), ou provar realmente, com todos os sentidos e então sim nos posicionarmos com mais assertividade. Não quer dizer que isso também não pode mudar no caminho. Porque gostava em um momento, pode ser que não goste mais. Que não cabe mais. E vice-versa.

Outro ponto que gostaria de levantar é o foco onde tem colocado a sua energia neste desbravar. Como já pincelei, no medo? Na paralisia? Na impossibilidade? Ou na possibilidade de ao menos tirar um aprendizado de toda experiência? Porque sim, toda experiência trás algo novo. E todo novo também um aprendizado. Uma nova perspectiva. Talvez aprendemos que não era exatamente aquilo que talvez imaginamos, mas e se, recalcularmos um pouco, através deste aprendizado, e recriar um movimento um pouco diferente? Pense quantos aplicativos, nesta nossa era tecnológica, começaram como algo. Com um MVP de um jeito. Para um tipo de público, com um compilado de funções. E agora são coisas completamente diferentes? De aplicativos de marketplace, assim como conectores ou mesmo redes sociais. Tudo muda. Pela observação, ou vontade, de quem criou e também pela observação de usabilidade por parte do usuário.

O mesmo conceito pode ser aplicado na vida. No trabalho, nas relações, na arte. Em qualquer frente que você vive hoje. Quando colocamos coisas em prática estamos sempre sujeitos ao errar, falhar, flopar - ou sejá lá qual expressão está em alta hoje para isso. O lance é, temos que testar para poder recalcular. Aplicar, observar e reiterar. Em constante movimento. E perceber que a frustração - assim como o para sempre - na verdade não precisam fazer parte do nosso vocabulário. E podemos assim, começar a olhar tudo como um processo, e não como um resultado a ser alcançado, passando a eliminar aquilo que não faz sentido, na prática, para dar espaço a tudo que faz. Mais e mais. E novas conexões e respostas vão surgindo, e assim, vamos construindo um caminho mais forte, com menos resistência e mais alinhado, nada mais, e nada menos do que com nós mesmos. E isso, é transformador, e necessário para não pararmos no tempo, e vivermos apenas uma vida na teoria.

Não deixe para "quando eu". A hora certa nunca chega. E preparado também nunca estamos. A hora é sempre no agora.

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